“Há pessoas que se gastam servindo os outros, somente para terem uma desculpa de não terem de travar a difícil luta pelo seu próprio bem.”
Eu cruzei-me já algumas vezes com pessoas que dedicaram uma vida inteira a outra, ou outras, abnegadamente e esqueceram-se de si mesmas. Não sabem ou não querem saber que cuidando de si mesmas podem servir ainda melhor, mas isso não lhes traria o argumento da vitimização, que muitas vezes usam para se autojustificarem: vejo isso em famílias, em instituições de voluntários e em outros lugares. Focas-te o que está fora de ti para não teres de lidar com o que está aí dentro.
Não me interpretes mal, nada tenho contra quem dá tudo por outras pessoas, mas não cuidar de si a fazer o papel de vítima não é dar tudo, aliás, é dar muito pouco.
Se queres contribuir com algo de muito valor para quem está ao teu lado, torna-te feliz, tu mesmo. Cuida dos teus deveres, sim, mas também dos teus direitos. Tu não és dono de ninguém, mas também ninguém é teu dono, por isso:
Escreve em letras bem gordas estes teus direitos, que não estão consagrados na constituição, mas têm de estar gravados no teu coração:
- Eu tenho o direito de ser respeitado e tratado de igual para igual, qualquer que seja o papel que desempenho ou o meu estatuto social.
- Eu tenho o direito de manter os meus próprios valores, desde que eles respeitem os direitos dos outros.
- Eu tenho o direito de expressar os meus sentimentos e opiniões.
- Eu tenho o direito de expressar as minhas necessidades e pedir o que quero.
- Eu tenho o direito de dizer NÃO e não me sentir culpado por isso.
- Eu tenho o direito de pedir ajuda e de escolher se quero prestar ajuda a alguém.
- Eu tenho o direito de me sentir bem comigo próprio sem sentir necessidade de me justificar perante os outros.
- Eu tenho o direito de mudar de opinião.
- Eu tenho o direito de pensar antes de agir ou tomar uma decisão.
- Eu tenho o direito de dizer “Eu não estou a perceber” e pedir que me esclareçam ou ajudem.
- Eu tenho o direito de cometer erros sem me sentir culpado.
- Eu tenho o direito de fixar os meus próprios objectivos de vida e lutar para que as minhas expectativas sejam realizadas, desde que respeite os direitos dos outros.
Vive estes direitos e ensina quem te rodeia a vivê-los. Eles representam respeito por ti mesmo, pelos outros e confiança no teu potencial e no potencial de quem está à tua volta.